Memories...

Voltei da rua cheia de frio, mas decidida a procurar os meus cadernos e folhas perdidos algures nas caixas que nunca desfiz, já eu estou nesta casa há uns 10 anos (forma talvez de não me sentir presa definitivamente...).
Parei numa caixa, de onde tirei uma outra pequena caixa, de tampa forrada com papel de embrulho com felizes Happy Birthday.
Não fazia ideia do que lá ía encontrar, até que tirei a tampa...
Correspondência.
Correspondência de muitos anos.
Prendi-me com algumas cartas que me diziam muito, que me fizeram desfilar mais memórias esquecidas algures neste emaranhado.
Não me lembrava já que em tempos alguém me chamava de Pompom, muito menos que as cartas vinham da Academia Militar (quanto menos gosto de fardas, mais descubro que sempre estiveram presentes...).
Não me lembrava das cartas anónimas que recebi, algumas escritas em papel higiénico, que me fizeram algumas vezes espreitar por cima do ombro, em períodos mais conturbados da minha vida, mas das quais agora rio, vendo o quão ridículas eram e continuam a ser.
É engraçado, como venci e superei aquela criaturazinha que me atemorizou durante mais anos do que a relação durou...
Vi alguns envelopes que me levaram a pensar como pode uma amizade forte deixar-se morrer, apenas porque o marido de alguém teve medo da minha forma de ser. Se morreu, não seria verdadeira. Penso eu...
Vi tudo muito na diagonal.
Voltarei àquela caixa, com certeza...