“Se conseguires, beijo-te os pés!”

Ainda bem que renegociei a coisa, senão já tinha tido os pés lambidos p’la colega…

Hoje vi-me a braços com uma situação formativa perante a qual nunca tinha estado (ou: como ministrar 6 horas de formação de informática… sem informática (!) – é uma longa história, não insistam que eu não vou mesmo contar!)

Ora não me restou muito mais do que recorrer a algumas dinâmicas de grupo, que por acaso (só mesmo por acaso!) conseguirei que mais tarde mas transponham tanto para apresentação gráfica como para processador de texto (aproveito tudo para fazer croquetes!).

O meu desespero começou a ser notório, no momento em que iniciei a apresentação da dinâmica seguinte, e eles, com ar enfastiado (o meu só se notava visto de dentro…), íam dizendo: “- Ahh, já fizemos esse com a L.”

O meu plano B foi por água abaixo; recorri ao C, ao D e fui desfiando o alfabeto, acho que só me senti vitoriosa aí pelo plano H…

Questionei: “E com a L já fizeram uma dinâmica chamada Avenida complicada?”

Escrutinei aquelas carinhas entediadas à espera de ver alguém com um balãozinho de B.D. com um pensamento do tipo: «Também já fizemos este… E agora?», mas com uma réstiazinha de esperança também procurei por: «Que ninguém diga que já fizemos, porque a formadora está com cara de quem vai cortar os pulsos… Vamos fazê-la feliz e dizer que não conhecemos esse mambo.»

(Supostamente) ninguém conhecia…

Mandei-os almoçar um pouco mais cedo para ter tempo de escrever as instruções e imprimir…

- “Deixas-me imprimir umas folhas?”

- “(sorriso) Olha, se a conseguires pôr a imprimir, até te beijo os pés!”

- “Opah, beijar os pés não. Ainda se fosse uma massagem…”

(risos)

Eu precisava MESMO de imprimir.Troquei cabos, troquei entradas, reiniciei, fiz o pino, cantarolei e descobri que a impressora estava definida para trabalhar offline… E com dois tinteiros vazios…

(gajas…)

Quando ela regressou estava eu a terminar de imprimir:

- “A massagem pode ser às 17:30?”

A cara dela parecia o complemento perfeito de um balão B.D. a dizer: “Tantos meses depois vejo isto a funcionar!”

P.S.: Acho que na verdade, o que aconteceu foi que a impressora me reconheceu o toque. Trabalhámos juntas meses a fio, quando comecei a trabalhar no Vale.