Restaurante. Mantive os olhos pregados na televisão, como vendo mas sem ver, queixo apoiado na palma aberta.
"Acho fofa a forma como sorris a ver a notícia de uma tragédia que envolve gente morta..."
Acordei da letargia amorfa e divertida em que estava embrenhada.
"Sorrio porque o mundo se livrou de mais um louco" - respondi prontamente, disfarçando o facto de apenas ter ali o corpo e apercebendo-me de que devia estar de sorriso pateta estampado na cara.
Carro. Mantive os olhos pregados na Lua lá fora, a rebentar de cheia.
No banco de trás, cantarolaste comigo a melodia que o rádio emanava. Não me lembro do que era, mas apercebemo-nos disso e rimos, cúmplices. Compreendo-te de te olhar e tu a mim.
Olhei de novo a Lua. Sempre ali, mesmo quando não está. Desde que nasci que me goza, e hoje, hoje perguntei-lhe no silêncio do meu emaranhado de pensamentos: "Porque me estás sempre a fazer isto? Não chega já? Não suportas ver-me sossegada?"
Vão-se levando os dias, vão-se contando as horas, vai-se apaziguando a antecipação, controla-se a ansiedade.
E no entanto: Bum-Bum-Bum; a máquina não pára de dar coices no peito.
Da Lua vai desdobrar-se uma escada de cordel, que virá parar a meus pés. Vou subir ao topo, ser a primeira mulher a pousar o pé e vou avançar sem medo, até ver o que esconde por detrás. Morro de curiosidade, sofro de ansiedade, palpito de antecipação.
As horas não passam e o dia nunca mais chega...
Tem lá calma! Tens de dar tempo ao tempo pra que ele passe no tempo devido. E quando chegar o momento, vais perceber que esse tempo foi preciso!
ResponderEliminarDeixa correr o tempo...e o dia chegará, numa calma que te inundará a alma (e o corpo!)
Beijinho!
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarSe continuas a sonhar de noite... nunca mais amanhece!!
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarO tempo passa, passa, mas ao seu tempo.
ResponderEliminarDar tempo ao tempo! Parece fazer sentido, não parece?
A lua não foge, continuará lá para sempre, acho!