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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Presenças

Não costumo fazer caso daqueles mails que recebemos às toneladas, com correntes que supostamente não devemos quebrar, correndo o risco de algo de muito mau nos possa acontecer, regra geral cair-nos o piuiuau (que já me deve ter caído há tanto tempo que não me lembro de ter um) ou de nunca mais na vida termos sexo de qualidade (já provei que esta é 100% mentira!).
Ontem recebi um desses mails e a corrente era totalmente diferente.
Reconheçam-me ou não nas seguintes palavras, confesso que quanto mais lia, mais ficava na dúvida se o eliminava ou se o encaminhava.
Mais pela primeira frase, porque o resto do texto me soou àqueles filmes de terror baratos, durante os quais nos engasgamos com as pipocas de tanto rir do ridículo.
O mail começava com "Olá, sou a X e neste momento estou ao teu lado pois morri (...)."
Levo este tipo de coisas muito a sério, embora nunca me tenha embrenhado muito acerca deste aspecto da espiritualidade. Sei o suficiente para delimitar bem no que e em que acredito. E as presenças são uma delas.
Da primeira vez tive receio. Não entendia o que estava a sentir, não sabia se havia de ficar quieta ou se havia de fugir.
Com o tempo fui sentindo essas presenças de uma forma mais reconfortante, mais calma e tranquila. Nem sempre lhes dou importância, sendo umas mais fortes do que outras, havendo algumas, poucas, que me arrepiam, no entanto não as temo.
Talvez seja difícil compreenderem aquilo a que chamo de presenças, sem qualquer outro nome que lhes possa dar.
Quando alguém entra na mesma sala onde nos encontramos, ouvimos os seus passos, podemos ver pelo canto do olho que puxa uma cadeira e se senta ao nosso lado. Se a isto tudo retirarem som e imagem, o que vos sobra?
Apenas o que sentem. E aquilo que sentimos, provém de todos os sentidos...
Se algo passar em frente de uma televisão ou de algo que emita som, enquanto estiver no nosso caminho, esse som chega-nos de forma diferente. E o nosso cérebro apercebe-se dessa diferença, do som a encontrar um obstáculo que não estava lá antes.
Quase como acontecia quando ninguém entendia como eu sabia que algo estava ligado, mesmo que não emitisse som ou mostrasse alguma luzinha acesa. Apenas o sabia, ouvindo.
Neste momento devem pensar que se confirma aquilo de que sempre suspeitaram: que sou completamente louca. Mas não sou...
As minhas presenças são assim. "Ouço" o aproximar pela diferença do som, sinto do meu lado, nas minhas costas e, o mais "assustador", um ligeiro arrepio na nuca, como um sopro, o que felizmente é raro.
Não sinto medo destas presenças, porque na realidade, além de as novas sensações me assustarem no início, nunca me aconteceu nada de mal que "lhes" possa incutir.
Outro facto curioso, é sentir que algumas dessas presenças me são deixadas por alguém.
Aconteceu com o Xandre. Uma tarde passou pelo meu serviço, num daqueles dias em que estou com os azeites, e depois de se certificar de que eu ficava bem, despediu-se e saiu.
Mas continuei a senti-lo ali, por detrás da minha cadeira. De uma qualquer forma estranha, sei que era ele, ou projecção da sua preocupação e pela necessidade de se certificar de que eu ficaria bem e sem cometer algum acto tresloucado.
A presença que então senti nas minhas costas, deixou-me calma e com a sensação de que de facto não estava ali sózinha.
No meio da rua não as sinto, talvez por existirem tantas fontes de som, que não consiga isolar uma única. E talvez não acreditem que já tenha acontecido estar com um de vós e estar mais algo connosco. Há alturas em que tenho mesmo de olhar à minha volta para me certificar de que não está de facto alguém ali, tal é a sensação de presença.
Tenho também alturas em que "brinco" com as presenças, se estiver mesmo sózinha, claro! Chego a falar-lhes, não que isso constitua uma forma de comunicação, não há nada de resposta ao que eu digo, nada disso. Muito menos objectos a voar pelo ar. Deixo isso para os filmes, mas também para um outro post, qualquer dia.
Ou então, ignoro-as... Enfio os phones nas orelhas e aí não há nada que se meta entre mim e o som, e se andam por lá, nem dou por elas. E não o faço por receio, mas mesmo por querer estar só.
E porque acredito nestas presenças?
Tão simples quanto acreditar que tudo à nossa volta é energia. E energia não tem forma.
Têmo-la dentro de nós, acima de nós e à nossa volta.
Por isso levo a sério um mail que comece com "Olá, sou a X e neste momento estou ao teu lado pois morri (...)", mas não consigo levar a sério que a X, por mail, tenha morto o João à facada quando foi à cozinha preparar uma sandes, ou o Eric que se viu desde o tecto, a ser trespassado por lanças na cama, e tudo porque não encaminharam o bendito mail, que não serve para mais nada além de recolher endereços de correio electrónico.
Estou viva, não vos escrevo de um além obscuro, o que significa também que eliminei o mail.
Não tenho, portanto, o espírito preso numa mensagem electrónica, que irá mais tarde matar alguém inocente.
Acredito que tudo o que de bom e de mau fizermos nesta vida, nos será devolvido, mais cedo ou mais tarde. E eu às vezes até sou uma menina má...

8 comentários:

  1. Smoothaaaaaaaaaa
    Que andas tu a ouvir?
    Tu vê lá ...... inda te aparece um dedo mau!

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  2. ...ahahahaha tens sorte ...os dedos não falam!

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  3. Hummmm.... agora ia fazer uma piada... mas limito-me a deixar-te um beijinho e os desejos de uma boa semana :-)

    Jorge

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  4. Depois de tudo isto, concordo em muitas coisas, menos na parte em que tudo o que de bom e de mau fizermos nesta vida, nos será devolvido mais cedo ou mais tarde, porque eu sou boa todos os dias, aguento coisas que não lembra a ninguém, só faço o bem, e só recebo tudo de mau. Que há um Anjo da Guarda que me tem protegido de tanto mal, também acredito que sim, porque a morte já passou por mim muito mais vezes do que possas imaginar, mas que também há mais mal que bem a perseguir-me, isso há.
    Eu não sinto sons, mas presenças, a maior parte são brancas, mas também as há um pouco mais cinzentas escuras, e sim fazem-me sempre arrepiar, por isso sei quando estão junto a mim.
    Um dia havemos de trocar impressões.

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  5. e se te respondesse a este post com um post no Olhar?! HUm? Este tema diz-me tenato que merece uma introspecção...

    Prometo não demorar ;)

    Beijinho

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  6. temos isto em comum ...como sabes ...
    quanto a emails deste teor não costumo dar importância porque dou importância ás presenças que efectivamente sinto....e não são presenças é presença ,única e me acompanha nos momentos em que preciso quer seja nos bons ou nos maus momentos, e foi preciso eu ter uma determinada maturidade para a sentir ....curioso

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  7. Respondido ;)

    Sopa, como tb se passou o mesmo. A capacidade para sentir está lá. Nós é q muitas vezes não lhe damos importância.

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  8. larose, não oiço... sinto!

    Jorge: podes sempre deixar as piadas que queiras. Como já sabes, gosto imenso de rir/sorrir. Uma boa semana também para ti! :D

    Xana: às vezes temos pressa nos resultados... Quando digo que acredito que o que de bom ou de mau fizermos nos será devolvido, não me refiro propriamente a esta vida... ;)

    Sopa e Bé: Lá isso da maturidade... não me recordo de quando comecei a sentir. Já são muitos anos. Mas não fosse a vossa... "distracção", já teriam dado por isto em vários dos meus posts :D
    E sim, há quem sinta e faça de conta que não foi nada.

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