Na véspera tinha passado praticamente o dia todo fora, pois fui para Setúbal com a C. e de tarde acabei por ficar na loja.
Por não ter estado, deixaram-me um aviso no correio, para ir à estação levantar um pacote.
Eu já sabia que o pacote vinha da larose, tinha-me prometido uns vales de descontos para a comida do meu bichano, visto ela não os utilizar.
"Mas espera aí... pacote?? A menos que sejam 500 vales de desconto, haviam de caber na caixa de correio..."
De qualquer das formas, tinha de ir para aquelas bandas comprar fusíveis para arranjar o aquecedor por isso não faria qualquer desvio para ir aos correios, juntei as duas tarefas (sim, nós somos daquelas que tentamos arranjar antes de descartar e comprar novo. Tentamos poupar o planeta... E já agora: aquecedor a bombar!! Somos ou não miúdas espectaculares?)
Entrei na estação, tirei senha: 615. Avanço para dentro e olho o placard: 564!
Só podem estar a brincar... Não cabia tanta gente cá dentro.
Tomo atenção ao placard e tente cuscar as senhas de quem se encontra por perto e, estava mesmo certo! Tinha mais de 50 pessoas à minha frente.
"Eu mato-te, larose!!!!"
Conto até 10, saio para fumar um cigarro e vou espreitando e a porcaria do placard nada de avançar. Foi então que entendi porque estava uma fulana cá fora, sentadinha no chão a apanhar sol, qual osga em manhã de inverno.
Só vejo pessoas a entrar e nenhuma a sair já atendida. Os que saíam era para fumar, ou atender o telemóvel.
Depois de dois cigarros tornei a entrar e estoicamente aguentei até à minha vez.
Várias vezes me passou pela cabeça, como iria ralhar à larose, por me enviar os vales de desconto em correio registado, quando mos poderiam ter enfiado na caixa de correio e em vez de estar ali na estação uma hora e 10 minutos, poderia ter estado na esplanada a beber um café e morder o ambiente.
Tentei abstrair-me e eis que dou comigo a captar sinais de todos os lados.
Foi engraçado, senão reparem:
- atrás de mim e à minha direita, parecia a sala de espera de um Centro de Saúde. Eram os bicos de papagaio de uma, as insónias da outra e mais (pseudo-)doenças que não consigo reproduzir.
- no meio das doenças, crónicas ou não, reais ou nem por isso, entra de rompante um chinês, que meio atrapalhado olha a sua senha, olha o placard e segue disparado em direcção ao balcão 3.
- Tem de tirar a senha A; a B não serve.
Nessa altura, o chinês saca da outra mão, onde (tcharannn) tem a senha A...
- Este número já foi chamado há 28 número satrás...
Não esão bem a ver... O que se passou em seguida foi absolutamente hilariante. No balcão ao lado, a funcionária, e como perguntou e ninguém se opôs, começou a atendê-lo enquanto a rapariga que estava ao balcão ía preenchendo os registos.
Ele lá o entregou, a funcionária olhou para o passaporte, olhou para ele e perguntou: "Esta fotografia é sua?" - "Amigo. Amigo." Pronto, ok, já entendemos. A funcionária continua à procura dos elementos de que necessita, vê o nome no aviso dos correios, encontra esse mesmo nome no passaporte, mas...-Dê-me então o passaporte...
- Onde está a assinatura do seu amigo aqui no passaporte? Onde é que vocês assinam?Dele só ouviamos: "amigo, amigo".
Já toda a estação ria, porque para ouvir um episódio destes, até os bicos de papagaio se calaram todos.
Lá a funcionária o convenceu de qualquer coisa que já nem me recordo.
Acabou de atender a rapariga q tinha ao balcão, e o placard começo, devagarinho, a avançar.
Umas quantas senhas mais à frente, avançou uma mocinha plas minhas idades, com uma mão cheia de envelopes para expedir.
Às tantas, ouço a mesma funcionária dizer-lhe:
Sem comentários...- Não é por ir enviar tudo para um apartado que não tem de pagar... Só se fosse enviar para uma remessa livre...
"aiii larose, larose...."
Uns poucos números a seguir, o 615!! Oba! C'est moi!!
Passam-me para a mão um envelope de todo o tamanho, braquinho e todo cravejado de selos (fazem ideia de há quanto tempo eu não via um selo?? Impressionante...)
Agarrei no envelope, agarrei em mim e fui para casa.
Depois de largar mala, botas e casaco, sentei à secretária e fui abrindo o envelope. Despejo-o na superfície da secretáia.
Vejo deslizar a revistinha Miau, um desdobrável cheio de talões de desconto e um livro.
Depois de 70 minutos a penar na estação dos correios, ri-me com o título...
Sei que sentes e estás perdoada! Adorei!
Chineses ...what else !!!
ResponderEliminardepois diz se o bokk é bom q estive com ele na mão na fnac a pensar se trazia ou nao