Segunda, 24/11/2008
Levantei-me já de objectivos definidos. Bem definidos. Os minutos bem aproveitados, todos contados.
Não consegui sentar para almoçar, muito menos sózinha. Acabei por apenas comer uma fatia de bolo e saí de casa.
Começavam a cair alguns pingos de chuva, meio tímidos. Não foram o suficiente para me fazer abrir o chapéu-de-chuva, nem sequer pensei na maquilhagem acabada de salpicar pela cara.
Entrei na tabacaria, de seguida um café na esplanada de sempre, com as gotas de chuva a dissolver no café. Talvez uma tentativa de dissimular as lágrimas que teimavam em espreitar e que sempre mandei para dentro.
Já olhavam para mim de lado, a-maluca-que-bebe-café-à-chuva. Já íam sendo horas, dirigi-me ao consultório.
"A Drª foi almoçar aqui perto, por isso não vai demorar. Era às 13:15, certo?"
Acenei-lhe afirmativamente com a cabeça, saí e acendi um cigarro.
13:20 e ela nada de aparecer. Se me conheço bem, devo ter começado a andar em círculos, como uma leoa enjaulada. Nada pior do que fazer-me esperar.
13:40, chegou, metemo-nos logo no carro. Isto é, assim que ela encontrou as chaves...
No percurso para lá, não havia muito que falar acerca do caso, afinal de contas, nem eu nem ela entendemos o porquê de quererem levar isto tão adiante. Não têem nada para me oferecer e eu não dou meio-passo que seja atrás.
Chegámos ao tribunal às 14 em ponto. Mesmo em cima da chamada. Só estavamos nós duas.
Assim sendo, sentámo-nos em dois lugarzitos lá ao fundo, pareciam mesmo reservados para nós.
Ficámos na conversa, banalidades, semi-preparativos de Natal, algumas peripécias com trabalhos de escola do filho.
14:30 e nada de novo. "R, acho que se esqueceram de nós..."
Entrou, como que a perguntar se estavamos esquecidas, porque tinhamos sido marcadas para as 14h.
"Drª vai ter de esperar... Para as 14 horas estavam marcadas quatro audiências de partes."
Boa! A outra parte ainda não chegou e corremos o risco de ser as últimas.
Às 14:45, já eu pensava que tinha ido passear ao Barreiro, fazem nova chamada. Não sei como nem quando, que não dei por isso, mas a outra parte chegou.
À pergunta da juíza, acerca de alguma das partes pretender alterar algo, todos permaneceram calados.
Do meu lado, era tudo o que constava do processo, da outra parte saiu apenas um "Está tudo aí no processo. Mantemos o motivo do despedimento."
Apenas esbocei aquele sorriso cínico, do tipo "já te fodo!" Não o conheço, acho que não faz parte da empresa. Mas ela, manteve-se calada o tempo todo. Ela sabe que não. Que não era motivo para o despedimento.
Ou não tivesse ela dito isto mesmo ao meu chefe, antes de tudo acontecer.
Visto que ninguém altera uma vírgula, vamos então medir forças. Dia 8 de Junho de 2009 lá estarei. À hora marcada ou antes mesmo.
Ao despedir-se de nós, ela deixou sair um rápido "Desculpe..."
Desculpe... Desculpe porque sabe! Desculpe porque sabe que não o podiam fazer e que o fizeram na mesma, talvez na estúpida esperança de que eu permanecesse quieta no meu canto e não me levantasse para lhes fazer frente. Pena que não façam todos o mesmo, porque agora de fora, agora é que consigo ver o quanto nos pisam, o quanto pisam e travam quem tenta progredir, ao negar-lhes certos direitos.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
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